Thursday, May 31, 2007

desfecho

"Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar-te eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte).

Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado
E paciente...

E lutei, como luta um solitário
Quando alguém lhe perturba a solidão.
Fechado num ouriço de recusas,
Soltei a voz, arma que tu não usas,
Sempre silencioso na agressão.

Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia."

Miguel Torga

3 comments:

Ana das Pontas said...
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Ana das Pontas said...

Oh bolas... quando comecei a ler até pensei que tinhas sido tu a escrever!! Depois cheguei ao final e vi de quem era.... raios... detesto Miguel Torga.... acabaste de me pôr um problema existencial...não gosto do senhor mas gostei de 1 poema dele, o que pode querer dizer que tenho um preconceito, e não gosto disso... e já estou a falar que nem uma matraca!!! Vês!!! deixaste-me confusa!!! =P

Mas ainda quero ver um poema escrito por ti!! Tenta... vais ver que é fácil e até sabe bem!! ;D

Marta said...

xiiiiiiiiiii.....tmb gostei e olha q tmb não gosto de Miguel Torga!!!